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quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Echochrome



O que os olhos não vêem, Mannequin não sente.


Por muitas palavras que sejam utilizadas para tentar descrever o conceito de echochrome, apenas experimentando a obra da JapanStudio é que se percebe verdadeiramente a sua essência. Criando e destruindo ilusões de óptica, tal como M. C. Escher, artista plástico holandês, fez com as suas obras, ao jogador apenas compete a tarefa de orientar a câmara de jogo afim de conseguir a melhor perspectiva sobre o cenário que se lhe apresenta.Tratando-se de um puzzler, não há enredo, "apenas" perto de três centenas de níveis em que o único objectivo é levar a vossa personagem, convenientemente baptizado de Mannequin, do ponto A ao ponto B, sem cair no infinito. Pelo caminho terão que coleccionar um quarteto de echoes, espectros negros sem forma delineada. Em traços gerais, os labirínticos cenários de echochrome assentam em formas rectangulares, dado que, sempre que um dos caminhos está interrompido, é o já mencionado ajuste de câmara que permite eliminar as interrupções e assim unir o caminho por onde Mannequin tem que prosseguir. A personagem segue em carris cair num buraco. Aí, automaticamente, aterra na plataforma que estiver por baixo. É neste ponto que a precisão clínica é beliscada, sendo o jogador muitas vezes levado a deixar a sua personagem cair no vazio, quando a perspectiva dá a entender que por baixo há cenário, fruto de deficiências na câmara de jogo. Adjunta a esta conjunção de precisão com discernimento, está um relógio a cronometrar a vossa prestação. Existe a possibilidade de parar o andamento do Mannequin a meio de um puzzle, porém, o tempo não pára de contar, o que faz com que o jogador compita contra o cenário mas, sobretudo, contra o relógio. Se por esta altura estão a pensar que faziam melhor que Escher, não se apoquentem. echochrome tem um editor de níveis, em que terão as ferramentas utilizadas pelos criadores do jogo para demonstrarem o vosso talento criativo. Quando concluídas, podem partilhar as vossas criações com os vossos amigos através do ad hoc no caso da PlayStation Portable ou, no caso da PlayStation 3, através da PlayStation Network. Tecnicamente, echochrome vem provar que menos é mais, ou seja, nunca negando o seu tom minimalista, utiliza apenas o preto e o branco para afirmar o seu visual único. Obviamente, já vimos cenários muito mais detalhados na portátil da Sony, porém, echochrome despe-se de pormenores para nos servir a já supramencionada ilusão de óptica. A banda sonora que acompanha os devaneios da nossa massa cinzenta é sobretudo composta por instrumentos de cordas, ouvindo-se por vezes a voz de Rumiko Kitazono, criando uma atmosfera leve e que favorece a concentração dos jogadores. O ambiente sonoro apenas é interrompido pelo caminhar da personagem e pela voz mecânica que nos dá algumas instruções preciosas. Olhando a fundo para echochrome, percebemos que esta obra é o despir de tudo o que é excesso num videojogo, aproveitando os ingredientes que nos prendem à consola. No entanto, é pena que o seu calcanhar de Aquiles nos leve a desfechos bastante irritantes. Tirando isso, echochrome assume-se como um excelente companheiro para levarem de férias.

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